Aqueles braços sempre abertos também se cansam. Saiba identificar os sintomas da síndrome do esgotamento materno e tratar a tempo.
O burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, já não é mais nenhuma novidade. O distúrbio ficou amplamente conhecido com a pandemia e a necessidade de distanciamento social e a quarentena, onde os limites entre o trabalho e vida privada se tornaram anuviados e acabaram levando as pessoas ao limite da sanidade. O que grande parte da população nunca levou em conta é que, muito antes do assunto se tornar pauta, a sobrecarga já fazia parte do dia a dia da grande maioria das mães.
Segundo psicólogos e especialistas em saúde mental, o burnout, que está relacionado ao esgotamento e causa um distúrbio psíquico caracterizado pela sensação de tensão emocional, exaustão e estresse crônico desencadeados pelo acúmulo de funções, não se resume apenas ao âmbito profissional. Mas deixam claro que, apesar disso, não existe um registro de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, mais conhecida como CID, para o burnout materno.
O acúmulo de trabalho vivenciado pelas mães foi caracterizado dentro da esfera social, mas nem por isso deve ser negligenciado.
O que é burnout materno?
O burnout materno pode ser caracterizado pelo estresse prolongado, relacionado não só aos cuidados maternos, mas pela forma e obrigação das mães ao exercerem múltiplas obrigações nessa fase de vida, desde o nascimento até os 3 anos da criança, que é quando ela exige mais cuidados e dedicação.
Além deste, outros sintomas da doença são: baixa autoestima, sentimento de culpa ou impotência, depressão, sentimentos constante de culpa, exaustão (mesmo após um período de repouso), variações de humor, insônia, enxaquecas, compulsão alimentar ou falta de apetite, entre outros.
Os sintomas podem parecer comuns à maternidade ou a qualquer situação de alto estresse. Mas a grande preocupação deve ser com a intensidade e frequência deles.
Raiz do problema
Em primeiro lugar, é preciso entender que a tarefa de cuidar de crianças é uma responsabilidade social e não exclusiva das mães. Lembrando sempre do provérbio africano, “é preciso uma aldeia para criar uma criança”, nenhuma pessoa aprende e se desenvolve somente a partir dos valores da sua família nuclear, mas também em acordo com toda a comunidade em que vive e se relaciona.
É importante, portanto, haver uma rede de apoio para auxiliar essas mães, além de um trabalho de desconstrução social que aponte o pai como igualmente responsável pelas tarefas familiares. Quando o assunto vem à tona, também nos deparamos com o problema estrutural de que cerca de 20 milhões de brasileiros não possuem o nome do pai no registro de nascimento e de que nossa sociedade é composta por cerca de 31% de mães solo, sendo que apenas 46% trabalham.
A idade média dessas mães é de 47 anos, 55% das mães pertencem à classe média, 25% à classe alta e 20% são de classe baixa. Pouco mais de um terço dos filhos adultos (36%) ajudam financeiramente, segundo dados do Instituto Data Popular de 2020. Trata-se, portanto, de uma questão social e de saúde pública.
Prevenção e tratamento
Mediante a percepção dos sintomas, é imprescindível que a mãe com esses sinais procure um profissional da psicologia, que vai avaliar a intensidade e frequência e verificar se eles estão afetando ou atrapalhando as funções cotidianas da mulher.
Quanto tais sinais geram uma disfuncionalidade, gerando prejuízo nas atividades laborais, familiares e sociais, é porque a questão saiu do controle. Questões hormonais também devem ser levadas em conta e podem agravar o esgotamento. Em alguns casos mais graves, o psicólogo pode encaminhar a paciente para avaliação psiquiátrica, especialmente se for necessário a utilização de medicamentos.
Para prevenir o burnout materno, fique atenta aos seguintes pontos:
Tenha uma rede de apoio. Nesse momento, é muito importante poder contar com pessoas que possam ajudar com os cuidados da criança, das tarefas do cotidiano ou simplesmente contribuir com uma conversa. Associações comunitárias de mães são de grande ajuda, tais como esta.
É fundamental ter interesses além da maternidade, que a mãe converse sobre outros assuntos além de fraldas e amamentação, que possa reservar um tempo para cuidar de si. Realizar pequenas atividades que trazem prazer e ajudam a alívio do estresse.
E vale a pena ser benevolente consigo, entendendo que você faz o melhor que pode e que ninguém dá conta de tudo. Não existe mãe 100%.
Como ajudar uma mãe sobrecarregada?
Olhar para a mãe sem julgamentos e como alguém que também precisa de cuidado que é uma mulher, um indivíduo além do papel de mãe.
Evitar visitas ou demandas em horários críticos, como à noite.
Se tiver intimidade, se ofereça para segurar a criança ou ficar de olho enquanto ela toma um banho tranquila ou tira um cochilo. Ou quem sabe se oferecer para ficar com a criança durante uma tarde ou uma noite.
Não se acha capaz de cuidar de um bebê? Ofereça ajuda nas tarefas domésticas.
Não competir quem está mais cansado ou fazer com que a mãe tente provar o motivo do seu cansaço.
Convidar a mãe para um momento de distração e falar de assuntos FORA da maternidade.
Se não for possível sair, servir um bolo com café e um papo agradável. Isso já é um excelente ponto de partida.
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