A epidemia da AIDS já completa 4 décadas, mas o preconceito que ronda a doença ainda é muito forte. Isso acontece, em partes, pela falta de conhecimento. A UNAIDS é um Programa das Nações Unidas, criada em 1996. Tem como principal objetivo previnir o avanço do HIV. Segundo dados da UNAIDS, muita gente ainda desconhece seus termos básicos, tratamentos e sintomas. O maior exemplo é a diferença entre HIV e AIDS. Enquanto isso, vamos entender um pouco mais sobre a síndrome?
HIV é uma sigla para o vírus da imunodeficiência humana. Ele ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Consequentemente, pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Entretanto, ao contrário de outros vírus, o corpo humano não consegue combater e se livrar completamente do HIV. Ou seja, uma vez contraído e não tratado, o paciente viverá para sempre com o vírus.
Diferença entre HIV e AIDS
Ter o HIV não é a mesma coisa que ter AIDS. Existem muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar os sintomas e sem desenvolver a síndrome. Ou seja, é muito importante fazer os testes de HIV logo após alguma ação de risco. Relações sexuais sem camisinha ou compartilhamento de seringas são consideradas ações de risco. Além disso, é válido lembrar que ir até um centro de referência em HIV da cidade e tomar o coquetel imediatamente faz com que o risco de contrair a doença diminua bruscamente. Caso seja necessário, é possível confirmar o resultado entre 30 e 60 dias depois com um novo teste.
Além disso, é extremamente importante tomar medidas de prevenção. Um relatório da UNAIDS mostra que novas estratégias de prevenção estão surgindo. Existem agora ferramentas complementares no combate à epidemia de HIV. Isso amplia a gama de opções de prevenção disponíveis e cientificamente comprovadas. Até então, a única opção disponível até pouco tempo atrás era a camisinha.
TcP, PEP e PrEP
Entre essas novas estratégias, destacam-se o uso do Tratamento como Prevenção (TcP), a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). É importante lembrar que mesmo sem desenvolver a síndrome, o paciente pode transmitir o vírus para outras pessoas. Isso acontece quando a carga viral não está baixa e o paciente tem relações sexuais desprotegidas, compartilha seringas contaminadas ou materiais perfuro-cortantes. Por isso é importante um teste como aliado na prevenção da síndrome. Então, sem o devido tratamento, o HIV afeta e destrói o sistema imunológico e torna o organismo incapaz de lutar contra infecções e doenças. Quando isso acontece, a infecção por HIV leva à AIDS.
Sintomas
Os sintomas do HIV são bastante difíceis de identificar. Algumas pessoas que estão infectadas com o vírus relatam ter sintomas semelhantes aos da gripe e mononucleose, entre eles:
- Febre
- Dor de cabeça
- Cansaço excessivo
- Ínguas inflamadas
- Garganta inflamada
- Dor nas articulações
- Aftas na boca
- Suores noturnos
- Diarreias
- Perda de peso
- Náuseas e vômito
Esses sintomas podem durar alguns dias ou várias semanas, dependendo da pessoa. Enquanto isso, a infecção pelo HIV pode não aparecer em um teste. Mas as pessoas que o têm são altamente contagiosas e podem transmitir a infecção para outras pessoas.
Contudo, caso não seja tratado de maneira correta, o vírus do HIV pode evoluir a AIDS. Os sintomas da AIDS podem surgir após um longo período de tempo e são caracterizados por um grande enfraquecimento imune. Os sintomas incluem:
- Febre alta constante
- Suores noturnos
- Manchas vermelhas na pele
- Dificuldade para respirar
- Tosse persistente
- Manchas brancas na língua e boca
- Feridas na região genital
- Perda de peso e problemas de memória
Tratamento
Apesar de não ter cura, a infecção com o HIV tem tratamento. Isso pode evitar que a pessoa chegue ao estágio mais avançado da doença, a AIDS. O tratamento é feito comumente por meio da terapia antirretroviral e é fundamental para a melhoria da qualidade de vida. Além disso, diminui bastante as chances de transmissão a outras pessoas. O principal objetivo da terapia antirretroviral é manter a boa saúde das pessoas que vivem com o vírus e manter a carga viral baixa.
Quando a epidemia surgiu, o vírus do HIV evoluía rapidamente a AIDS. Hoje em dia, com o tratamento correto, as pessoas que são diagnosticadas com o vírus podem ter uma expectativa de vida quase igual a de uma pessoa não infectada.
Transmissão
A transmissão do HIV pode acontecer de diversas maneiras e se dá por meio da troca de fluidos corporais. Temos sangue, sêmen, secreções vaginais e leite materno, por exemplo. Entretanto, ao contrário dos estigmas, a contaminação não acontece por meio de interações comuns do dia-a-dia. O vírus não transmite com atitudes como abraçar, beijar, dividir objetos ou até mesmo alimentos. Saber disso é um passo importante para acabar com a discriminação
Prevenção
Como visto, o vírus do HIV pode ser transmitido de diversas formas. Mas existem muitas maneiras de prevenção para cada forma de transmissão. Para saber mais:
Relações sexuais
A melhor forma de prevenção continua sendo o uso de preservativos, inclusive durante o sexo oral. Além disso, existem novos métodos que podem ser grandes aliados na prevenção e no combate à epidemia do HIV.
TcP
O TcP é o tratamento realizado com medicamentos antirretrovirais que faz com que as pessoas vivendo com HIV/AIDS alcancem a chamada “carga viral indetectável”. As pessoas que convivem com HIV/AIDS e que possuem carga viral indetectável, além de ganharem uma melhora significativa na qualidade de vida, ainda têm uma chance muito menor de transmitir o vírus a outra pessoa.
PEP
Profilaxia Pós-Exposição é a utilização do medicamento antirretroviral após qualquer situação em que exista o risco de contato com o vírus HIV. Nesse caso, o início rápido da profilaxia faz toda a diferença, tendo os resultados mais eficazes se iniciado nas duas primeiras horas após a exposição. No entanto, o tratamento pode ser iniciado em até 72 horas depois da ação de risco e deve ser seguido por 28 dias. Esse tratamento age impedindo que o vírus se estabeleça no organismo.
PrEP
Profilaxia Pré-Exposição, que consiste na utilização do medicamento antirretroviral por pessoas que não estão infectadas com o vírus HIV, mas se encontram em situação de elevado risco de infecção. Nesse caso, com o medicamento já circulando no sangue no momento do contato com o vírus, o HIV não consegue se estabelecer no organismo. Assim como o preservativo, todas essas novas estratégias devem ser vistas e consideradas como novas opções no leque de estratégias que compõem a prevenção combinada ao HIV.
Materiais perfuro-cortantes
É indicado o uso de objetos descartáveis. Se os instrumentos não forem descartáveis, como lâmina de depilação, navalhas e alicates de unha, é recomendável que se faça uma esterilização simples ou que cada um tenha o seu próprio aparelho.
Seringas
O compartilhamento de seringas é uma das principais formas de transmissão do vírus. Por isso, é preciso tomar alguns cuidados. Não reutilize seringas, não compartilhe e descarte os instrumentos em local seguro, dentro de uma caixa ou embalagem.
Transfusão de sangue
É o meio mais difícil de ocorrer contaminação. Regras rígidas são adotadas por instituições que realizam transfusões de sangue e doações de órgãos. Estes procedimentos estão garantindo um número menor de casos de transmissão de doenças.
Transmissão vertical (gravidez, parto ou amamentação)
É importante que toda mulher grávida faça o teste que identifica a presença do vírus HIV. Caso o resultado do exame seja positivo, a gestante vai receber um tratamento adequado para evitar a transmissão para o filho na hora do parto. A transmissão do HIV de mãe para filho também pode acontecer durante a amamentação, através do leite materno. Mas se a mãe for soropositiva, será necessário substituir o leite materno por leite artificial ou humano processado em bancos de leite que fazem aconselhamento e triagem das doadoras.
Para saber mais:
- A AIDS é a doença que mais mata mulheres em idade reprodutiva (de 15 a 49 anos) no mundo. E todo ano 870 mil mulheres são infectadas por HIV.
- De acordo com a Unaids, cerca de 36,9 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo.
- Desses, cerca de 21,7 milhões de pessoas tiveram acesso à terapia antirretroviral em 2017.
- 77,3 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV desde o início da epidemia.
- Desses, 35,4 milhões de pessoas morreram por causas relacionadas à AIDS desde o início da epidemia.
- Quem faz a terapia antirretroviral pode ter uma expectativa de vida quase igual a uma pessoa não infectada com vírus.
- Desde 2013 o Ministério da Saúde garante tratamento gratuito para todas as pessoas com o vírus HIV, esteja em qual estágio da doença estiver.
- O Ministério da Saúde distribui camisinhas masculinas e femininas de graça em todo o país. São mais de 500 milhões de camisinhas por ano desde 2012.
Resumindo: a melhor forma de se proteger do HIV e da AIDS é usar camisinha sempre, em todas as relações sexuais. Além disso, faça o teste após se expor a alguma situação de risco.
Fontes:
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS – https://unaids.org.br/2017/03/voce-sabe-o-que-e-hiv-e-o-que-e-aids/
Buzzfeed Brasil – https://www.buzzfeed.com/davirocha/coisas-que-voce-talvez-nao-saiba-sobre-aids-e-hiv
Grupo de Incentivo à vida – http://giv.org.br/HIV-e-AIDS/Como-Evitar-o-V%C3%ADrus-HIV/index.html