Sobre a importância de inovar em saúde: “Não tem como você pensar saúde sem pensar em inovação.”
O mundo está em constante desenvolvimento desde o início dos tempos. Predadores melhoraram suas táticas de caça, presas se aperfeiçoaram em suas fugas, a fauna se adaptou às mudanças climáticas… Os exemplos são variados e, junto com eles, temos o ser humano, que sempre demonstrou um espírito inquieto e explorador. O que esteve no plano de fundo dessas mudanças é o que chamamos de inovação. Hoje, mais do que nunca, precisamos de novas soluções para os problemas da modernidade e, para obtermos essas respostas, é preciso inovar.
É com esse contexto desafiador que a inovação em saúde se depara, e para entendermos melhor a sua importância, convidamos o Dr. Eduardo Cordioli, Head de Inovação na Docway, para nos contar um pouco mais sobre esse desafio.
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1. O assunto “inovação” é muito abrangente e, hoje, está em alta nas empresas com a criação de departamentos específicos para tal. Qual é o papel do profissional de inovação?
Muita gente acha que inovar é inventar algo novo. Inovação nada mais é do que fazer diferente aquilo que você fazia antes para ter um melhor resultado. O que eu acho que é a grande palavra “inovar”: é tentar melhorar a experiência do consumidor; na jornada dele de consumo, desde quando ele descobre que existe você, como é que ele descobre que existe essa solução, toda a interação dele com você e como você pode diminuir a fricção nessa jornada para tornar essa experiência melhor. Então, inovação nada mais é que revisitar a experiência de quem consome um serviço ou um produto.
2. É preciso alguma especialização para fazer parte de uma equipe de inovação? Profissionais de quais níveis podem fazer parte do setor?
Qualquer profissional que tenha vontade de pensar diferente, de ver o mundo de outra forma e de tentar melhorar o ambiente em que se encontra – tanto internamente como externamente – pode ser um profissional de inovação. Existem cursos específicos para profissionais de inovação, que ajudam a aumentar as habilidades, mas eu diria que um bom profissional de inovação é composto por: um terço pensar diferente e sonhar; um terço é saber vender o sonho e ter relacionamentos e um terço é administrar seu sonho, que é a parte gerencial (o tal do empreendedorismo).
3. Além de líder da área de Inovação na Docway, você também é médico. Para você, qual é a relação entre inovação e saúde?
Não tem como pensar em saúde sem pensar em inovação. Se nós não inovarmos de forma constante, nunca vamos entregar aquilo que todo médico quer: dar uma saúde melhor ao seu paciente. É preciso inovar para não só adquirir novas formas de tratamento, mas também de prevenção. Quando falamos em inovar na saúde, não é apenas na forma como entregamos remédios ou cuidado. E quando se fala em “entregar remédio”, não é entregar nas farmácias, mas como nós entregamos saúde. Então, o médico inovar em saúde é atender cada vez mais e cada vez melhor.
4. Qual é o principal desafio hoje da área de Inovação na saúde?
Eu acho que são dois principais desafios. Um desafio é o desafio do ônus da inovação. Dizem que inovação, para cada acerto que você faz, você errou dez vezes antes, mas o grande problema é que não existe espaço para erro em saúde. Além disso, não só erro de você fazer mal, mas o erro financeiro. O financiamento da saúde é muito apertado. Então, para você experimentar novas formas ou novas drogas, o orçamento é limitado. E a velocidade com que se inova em tecnologia é muito diferente, porque para inovar de forma ética em saúde, é preciso ter todo um programa de pesquisa responsável que envolve comitê de ética em pesquisa, que são processos muito trabalhosos, que dependem de muita gente aprovando, etc. Então, velocidade é um grande desafio.
Mas o principal desafio de inovar em saúde é um pouco da resistência que a gente enfrenta, principalmente dos colegas clínicos com novos jeitos de se cuidar e de novas drogas. O médico não absorve tecnologia tão rápido, justamente por causa da dificuldade de budget, financiamento e também um pouquinho da resistência.
5. Como você acredita que a Inovação pode se tornar parte da cultura de uma empresa?
Acho que toda liderança tem que estimular a inovação incremental dentro de suas linhas de trabalho. É muito importante ter canais específicos para ouvir essas pessoas, além de criar um ambiente com o intraempreendedorismo, no qual o líder estimule o colaborador a empreender dentro da própria empresa, não só em novos negócios ou negócios paralelos que tenham relação com a empresa. Eu vejo dessa forma: criar um ambiente de discussão aberto, onde possamos trazer esses temas de forma frequente.
6. A inovação, junto aos fatores externos, deixou a telemedicina em evidência nos últimos anos. Quais são as tendências para essa modalidade de atendimento nos próximos anos?
Olha, existem várias tendências. O que a gente enxerga de saúde digital, de grande próximo passo da telemedicina, seria a telemedicina 2.0. Trata-se do uso de gadgets que permitam exame físico à distância. Desde aparelhos de pressão, no qual eu possa ver a pressão do paciente à distância, até conseguir examinar remotamente: fazer ausculta cardíaca, ultrassonografia, fazer exames de imagem e transmitir em tempo real para que o médico possa ver. Além disso, a medicina personalizada, ou seja, saber seu código genético para saber quais doenças você vai desencadear ao longo do tempo.
7. Muitas empresas gostam de falar sobre inovação, mas na prática, ainda deixam a desejar. Por que você acha que isso ocorre?
Porque elas não criam um ambiente em que a inovação faça parte das discussões. Elas não têm um canal aberto para ouvir novas ideias, ou tem uma diretoria de inovação para que se possa criar um ambiente propício para isso e nem estudar a inovação com outras empresas, porque há também, além do intraempreendedorismo o interempreendedorismo, que é você poder inovar com o relacionamento com outras empresas.
8. Quais os benefícios da cultura de inovação nas empresas?
Olha, o principal benefício, sem dúvida nenhuma, é poder tornar aquilo que a empresa produz melhor. Ser mais atrativo para os seus pacientes de forma mais ágil. Então, o que nós precisamos é cada vez mais fazer aquilo que fazemos melhor, fazer aquilo que fazemos mais acessível e mudar para que seja melhor e mais rápido. O ambiente de inovação consegue fazer com que isso aconteça.
9. Muitas pessoas ainda confundem os termos “Inovação” e “Criação”. Você poderia nos explicar a diferença entre os dois?
Inovar é você pegar algo que já existe e tornar melhor. Por exemplo, eu sou uma fábrica de carros, sou uma montadora de carros. Hoje eu faço carro. Eu não estou criando um carro novo. Mas eu lanço o carro elétrico, por exemplo. É uma inovação. Aí depois eu faço uma placa solar que, quando esse carro anda na rua, ele já vai carregando pelo sol. É uma outra inovação. Depois eu faço ele dirigir sozinho. É uma outra inovação. Mas eu estou fazendo o carro, eu não estou criando uma nova forma de transporte. Eu estou transportando as pessoas de um lugar para o outro e melhorando cada vez mais o meu produto.
10. O que te fez ter interesse pela área e aceitar o desafio de gerir a área de Inovação em uma empresa como a Docway?
Olha a área de inovação sempre me atraiu porque eu gosto de pensar diferente. Me lembro de uma foto de um tempo atrás, quando eu estava viajando e ainda tinha um cargo bem tradicional dentro de um hospital. Estava viajando de férias, parei e fiquei observando os pássaros na praia e todos eles estavam olhando para um lugar – eram gaivotas – e tinha uma gaivota olhando para o outro lado. Eu tirei a foto e falei: “Puxa, como eu me identifico com essa outra gaivota!” Eu gosto de pensar diferente, às vezes a gente pensa: “Por que sempre é dessa maneira? Não pode ser melhor aquilo que a gente faz?” Essa busca da melhoria contínua me fez querer estudar inovação.
11. E na Docway, o que te atraiu para aceitar o desafio de gerir essa área?
A Docway é uma empresa inovadora. Acho que o grande desafio de trabalhar para Docway foi: “Como é que eu posso ser um agente de inovação dentro de uma empresa que já é inovadora?” Uma coisa é você inovar num ambiente tradicional. E como é que você inova num ambiente que já é inovador? Então eu vim mais para aprender com o pessoal do que para ensinar. A inovação é extremamente tradicional dentro de uma startup, uma empresa cujo DNA é inovar e pensar diferente. Como é que eu posso pensar diferente dentro de uma empresa que já pensa diferente? Como eu posso ser mais diferente ainda? Aceitei o desafio e ele prossegue.
A inovação é um dos valores da Docway e um de seus pilares mais fundamentais.
O fomento de um ambiente inovador é essencial para a criação de soluções que possam facilitar a vida dos colaboradores, clientes, médicos e pacientes.
Vamos juntos compartilhar ideias e criar novas soluções!
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Até a próxima!